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Tradução: "Corpo e Território", de Orly Lobin

Atualizado: 3 de abr. de 2021

LOBIN, Orly. Body and Territory: Women in Israeli Cinema. Israel Studies 4.1 (1999), p. 175-187.


Justificativa: Com a acentuada produção de estudos sobre a questão de gênero, existe uma diversidade de olhares sobre a condição da mulher nas sociedades ao redor do mundo. As perspectivas recaem, muitas vezes, no papel social desses indivíduos e seu lugar no espaço privado e público, perpassando sobre as noções de classe e etnia. Orly Lubin, Ph.D. em Literatura Compara pela Universidade de Nova Iorque e membra do Departamento de Estudos Literários na Universidade de Tel-Aviv em Israel, elabora uma análise sobre o papel da mulher no cinema israelense através do curta-metragem Jacky de Rachel Esterkin e Shemi Zarchin, de 1990.

A partir da personagem principal, Lubin investiga a relação do corpo da personagem Jack - uma traficante de drogas - com o território que ocupa, considerando os conflitos entre palestinos e israelenses pela terra, na tentativa da personagem em criar seu espaço de atuação profissional enquanto enfrenta as normas hegemônicas patriarcais da sociedade israelense. A autora tece sua investigação considerando a relação entre gênero, etnia e território, bem como a constituição de Jacky como sujeito ativo, uma vez que tenta ganhar espaço e autonomia pelo trabalho que exercita, ser sujeito da própria vida.

A subversão torna-se, portanto, uma via de representação de mulheres no cinema israelense que buscam uma autonomia onde esta encontra-se dificultada, na tentativa de exercer um controle alternativo sob suas próprias vidas. A questão se volta para a representação e uso do corpo de Jacky no curta-metragem, valendo-se da luta sobre marcas identitárias dentro do espaço que ocupa. É através da presença do seu corpo nos lugares quefrequenta que a personagem utiliza a sexualidade de seu corpo como uma maneira de marcar os territórios, já que percebe que conquistar uma rua ou uma casa não dará necessariamente poder total sobre eles; mas pode mudar sua função e nome.

Lubin explicita através de Jacky a utilização da sexualidade do corpo como modo de subversão, uma vez que o corpo físico pode ser marcado pela ação do sujeito em suas intenções de transformar o território em lugar; ao ignorar as condições de nacionalidade e etnia e substituí-las pela criação de um lugar de gênero e sujeito nacional. A personagem se constitui como uma representação crítica de como a experiência da mulher na cultura e sociedade nacionais aparecem no cinema israelense, lutando pela autonomia através das possibilidades que tem em seu alcance.

A questão de gênero abordada por Orly Lubin dentro de um contexto de lutas nacionais pelo território possibilita um olhar sobre a atuação das mulheres nesses espaços, usando a figura de Jacky - uma mulher pobre que almeja não apenas o controle financeiro de sua vida mas a autonomia entre os lugares que ocupa - mesmo dentro da ficção. As noções de gênero, classe e etnia perpassam sua análise quando ela trata da figura de uma mulher periférica, que pelo seu gênero se mantém à margem da sociedade. No entanto, Jacky representa a tentativa de alterar a atuação feminina nos espaços comuns, ainda que a perspectiva hegemônica aponte para a noção de fracasso da personagem.

Através da tradução de Body and Territory: Women in Israeli Cinema, redigido por Orly Lubin em 1999 e publicado na revista Israel Studies, pretende-se contribuir para os estudos de gênero através da abordagem do cinema israelense no papel social da mulher. Nesse sentido, é possível fornecer outras perspectivas para o debate acerca da questão de gênero que não seja apenas sob o olhar ocidental, trazendo a tona a representação da mulher por Israel.

A finalidade da tradução é tornar acessível um fragmento dessa discussão para os falantes da língua portuguesa que não dominam a língua inglesa, tendo em vista que o original encontra-se disponível em inglês. Esse artigo oferece suporte para os estudos acerca do Oriente Médio e contribui para os estudos de Orientalismo e Israel, tratando dessa especificidade (mulher como sujeito ativo nos espaços em disputa) que, algumas vezes, não é abarcada de maneira particular por bibliografias referentes ao estudo de História da Ásia.


Original (inglês): [PDF]


Tradução (português): [PDF]


Tradução feita por: Anderson dos Santos Ribeiro e Gabriela Bernardes Andrade.


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