Justificativa: A partir do conteúdo estudado na disciplina de História da Ásia, elaboramos um projeto de mini webdocumentário a fim de compreender o imaginário dos cidadãos da cidade de São Paulo em relação ao mundo árabe.
Para a produção desse trabalho, nos dirigimos à Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, em dias distintos entre os meses de maio e junho de 2018, com o intuito de coletar opiniões populares de moradores da capital, tendo em vista esta ser uma cidade que possui um grande fluxo de imigrantes asiáticos. Passamos por locais como os parques Trianon e Mário Covas, o Shopping Center 3, o vão do MASP, o SESC Paulista, o Conjunto Nacional e as próprias calçadas da avenida em busca de entrevistas.
A seleção do público para a pesquisa foi feita de forma espontânea e realizamos a entrevista com quem concordasse participar perante um termo de autorização do uso da imagem. Desta forma, atingimos cidadãos das mais diversas classes e escolaridades. Pretendemos uma naturalidade nas respostas dos entrevistados, portanto, a abordagem aconteceu de forma descontraída e a pesquisa fluiu como uma conversa.
Fizemos as seguintes perguntas: Qual a primeira imagem que vem à sua cabeça quando
falamos homem árabe? E mulher árabe? Você conhece ou já teve alguma experiência com pessoas árabes? Se recorda de alguma notícia sobre os árabes ou Oriente Médio? Essas notícias possuíam uma visão positiva ou negativa? Referente à cultura árabe, difundida através de novelas, filmes, séries, música, livros, comidas, você conhece ou consome alguma dessas coisas? Você se recorda se na escola teve temas referentes ao mundo árabe? Você acha que a falta de informação vinda da escola influencia a forma como vemos o outro?
As entrevistas com o grande público nos mostraram, na maioria das vezes, um imaginário em grande parte estereotipado. Reparamos que alguns entrevistados se mostraram preocupados em não apresentar um discurso ofensivo ou preconceituoso, entretanto, a imagem apresentada ainda remetia às ideias preconcebidas que apontavam a cultura como violenta, exótica, sensual, extremista e retrógrada - em relação ao homem árabe ou em relação aos direitos das mulheres, por exemplo.
Buscando as fontes de informação e referenciais dos entrevistados, percebemos que parte do público se mostrou alheio e desinteressado ao assunto. O maior número apontou as novelas, o cinema e os telejornais como suas únicas fontes de informação. A maioria dos entrevistados disse ter aprendido superficialmente sobre a cultura árabe em sua fase escolar e que, atualmente, esqueceram. Portanto, compreendemos que a mídia e a indústria cultural ocidental constroem juntas uma narrativa significativa para a construção desse pensamento coletivo.
A fim de entender como funciona a perpetuação de tais estereótipos e como o mundo ocidental se relaciona e enxerga o Oriente, buscamos estudiosas especialistas que sobre o tema. Foram entrevistadas Patrícia Teixeira Santos, professora e pesquisadora de História da África da UNIFESP, e Elcinéia de Castro, doutoranda em Relações Internacionais pelo programa San Tiago Dantas (UNESP-UNICAMP-USP), que pesquisa a política externa dos Estados Unidos com a Arábia Saudita e leciona no curso de Relações Internacionais da Universidade Anhembi Morumbi. Nesta segunda fase do documentário, fizemos as seguintes perguntas: Como os estereótipos são formados? Qual o papel da educação na formação de ideias sobre o outro? Aulas que abordassem com mais profundidade temas como Oriente Médio, Ásia, África, poderiam diminuir os estereótipos? Como se dá a presença e cultura árabe no Continente Africano? (esta questão apenas para a professora de História da África).
Selecionamos também uma entrevista com a Professora Samira Osman, que retiramos do YouTube, no canal Tv Brasil, publicado em 27 de abril de 2015. Pegamos permissão para utilizar todas as imagens e informações contidas nas entrevistas que coletamos.
Este trabalho pretende levantar uma discussão sobre os estereótipos da cultura árabe, pensar como ele foi perpetuado e por quais motivos. O exercício de ir às ruas, conversar com pessoas variadas e com especialistas no assunto nos trouxe uma carga significativa de reflexão. O objetivo é que estudantes, pesquisadores e público em geral questionem suas posições conosco, e que esse trabalho traga interesse sobre o tema, de modo que consigam referências iniciais. Acreditamos que essa ideia só se deu devido ao semestre que passamos estudando a disciplina de História da Ásia, que nos fez repensar nossa perspectiva ocidental sobre o Oriente. É importante ressaltar que essa unidade curricular não é difundida em muitas universidades públicas ou privadas, situação que aponta a importância de se produzir conteúdos sobre o tema e torná-los acessíveis.
Vídeo: [Youtube]
Mini-webdocumentário realizado por: Alessandra Vespa, Fernanda Saes, Jéssica Lury Kumada e Letícia Rocha. 2018.
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